Crianças multirrepetentes do Ensino Fundamental: o que pensam sobre seus contextos escolares
DOI:
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2016.2.20614Palavras-chave:
Fracasso escolar. Crianças multirrepetentes. Metodologias de ensino. Ensino Fundamental.Resumo
Este trabalho se propôs a investigar as expectativas das crianças com histórico de reprovação em relação a aulas vivenciadas por elas nas séries iniciais do Ensino Fundamental. A pesquisa teve como objetivo identificar os significados do contexto escolar por meio das vozes de crianças multirrepetentes dos anos iniciais do Ensino Fundamental (2º a 4º ano). Autores como Patto (2008), Charlot (2009 e 2000), Vygotsky (1984, 2007); Ferreiro (1996), Lerner (2001), Solé e Coll (2004), Sampaio (2004), Sacristán (2000, 2007), dentre outros, fundamentaram teoricamente este trabalho. Para a realização da pesquisa, contou-se com a participação de oito crianças, de duas escolas distintas, matriculadas regularmente nas séries iniciais do Ensino Fundamental, sem comprometimento cognitivo com laudo, e que continham em seu histórico escolar pelo menos dois anos de reprovação. Os procedimentos de coleta de dados fundamentou-se em pesquisa de campo, desenvolvida por meio de duas entrevistas individuais semiestruturadas com cada sujeito participante (Szymanski, 2002; Gaskell, 2010). E os dados das entrevistas foram interpretados, discutidos e apresentados a partir dos eixos temáticos gerados em três momentos de análise (LeFreve, A. M. e LeFreve , F., 2005; Flick, 2009). O estudo permitiu observar que determinadas práticas metodológicas produziram nas crianças significados característicos de um ensino centrado na perspectiva reprodutivista, que, segundo as crianças da pesquisa, prioriza o volume de conteúdos, a cópia, e não valoriza o erro como parte inerente da aprendizagem.
Downloads
Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Ed. 70, 1979.
BAUER, W.; GASKELL, G.; ALLUM, N. Qualidade, quantidade e interesses do conhecimento: evitando confusões. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. (orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Rio de Janeiro: Vozes, 2010.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o ba-be-bi-bo-bu. São Paulo: Scipione,1998.
CAMPOS, M. M. Por que é importante ouvir a criança? A participação das crianças pequenas na pesquisa científica. In: CRUZ, Silvia Helena Vieira (org.). A criança fala: a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Cortez, 2008.
CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Tradução de Bruno Magne. Porto Alegre: Artmed, 2000.
CHARLOT, B. A construção social da noção de fracasso escolar: do objeto sociomidiático ao objeto de pesquisa. In: ARROYO, Miguel; ABRAMOWICZ, Anete. (orgs.). A reconfiguração da escola: entre a negação e a afirmação de direitos. Campinas: Papirus, 2009.
COLL, César; SOLÉ, Isabel. Os professores e a concepção construtivista. In: COLL, César. (Orgs.). O Construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 2004.
COLLARES, C. A. L. O cotidiano escolar patologizado: espaço de preconceitos e práticas cristalizadas. São Paulo, 1995, 194 p. Tese (de Livre Docência) – Universidade Estadual de Campinas, 1995.
COLLARES, C. A. L. Ajudando a desmistificar o fracasso escolar. Ideias, p. 24-28, 1989. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_06_p024-028_c.pdf. Acessado em: 22 abr. 2011.
COLLARES, C. A. L.; MOYSÉS, M. A. A. Preconceito no cotidiano escolar: ensino e medicalização. São Paulo: Cortez, 1996.
CRUZ, S. H. V. (Org.). A criança fala: a escuta de crianças em pesquisas. São Paulo: Cortez, 2008. FERREIRO, Emília. Com todas as letras. São Paulo: Cortez, 1996.
FLICK, U. Desenho de pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009.
GASKELL, G. Entrevistas individuais e grupais. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. (orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes, 2010.
GATTI, Bernadete A. Políticas, ações educacionais e desempenho escolar. In: ARROYO, Miguel; ABRAMOWICZ, Anete (orgs.). A reconfiguração da escola: entre a negação e a afirmação de direitos. Campinas: Papirus, 2009.
LEFREVE, A. M.; LEFREVE, F. Depoimentos e discursos: uma proposta de análise em pesquisa social. Brasília: Liber Livro, 2005.
LERNER, Délia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Tradução de Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2002.
LUDKE, M.; ANDRE, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
MOTTA, Flávia Miller Naethe. De crianças a alunos: transformações sociais na passagem da educação infantil para o ensino fundamental. Educação e Pesquisa [online], v. 37, n. 1, p. 157-173, jan./abr. 2011.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/v37n1/v37n1a10.pdf. Acessado em: 28 abr. 2012.
MOYSÉS, M. A. A. A institucionalização invisível: crianças que não aprendem na escola. Campinas: Mercado das Letras; São Paulo: Fapesp, 2001.
MOYSÉS, M. A. A. Fracasso escolar: uma questão médica? Ideias, p. 1-29, 1989. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_06_p029-031_c.pdf. Acesso em: 22 abr. 2011.
PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar: história de submissão e rebeldia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008.
PATTO, Maria Helena Souza; ANGELUCCI, Carla Biancha; KALMUS, Jaqueline; PAPARELLI, Renata. O estado da arte da pesquisa sobre o fracasso escolar (1991-2002): um estudo introdutório. Educação e Pesquisa [online], v. 30, p. 52-72, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/v30n1/a04v30n1.pdf. Acessado em: 2 jan. 2012.
RESENDE, Valéria Barbosa. Fracasso e sucesso escolar: os dois lados da moeda. In: GOMES, Maria de Fátima Cardoso; SENA, Maria das Graças de Castro (orgs.). Dificuldades de aprendizagem na alfabetização. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
SACRISTÁN, José Gimeno. A educação que ainda é possível: ensaios sobre uma cultura para a educação. Tradução de Valério Campos. Porto Alegre: Artmed, 2007.
SAMPAIO, Maria das Mercês Ferreira. Um gosto amargo da escola: relações entre currículo, ensino e fracasso escolar. São Paulo: Iglu, 2004.
SARMENTO, M. J. Sociologia da infância: correntes e confluências. In: GOUVEA, M. C. S.; SARMENTO, M. J. (orgs.). Estudos da Infância. Educação e Práticas Sociais. Rio de Janeiro: Vozes, 2009.
SAWAYA, Sandra Maria. Práticas de leitura e escrita entre as crianças na pobreza urbana. FEUSP, 2002. Disponível em: http://www.hottopos.com/videtur18/sandra.htm. Acessado em: 4 abr. 2011.
SIRINO, Marisa de Fátima. Processos de exclusão intraescolar: os alunos que passam sem saber. São Paulo, 2009. 230 p. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas, 2009.
SOLÉ, Isabel. Disponibilidade para aprendizagem e sentido da aprendizagem. In: COLL, César (orgs.). O Construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 2004.
SZYMANSKI, Heloisa. A entrevista na pesquisa em educação: a prática reflexiva. Brasília: Plano, 2002.
VYGOTSKY, L. S. (1987). Pensamento e linguagem. Tradução de José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto e Solange Castro Afeche. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Tradução de José Cippola Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2006.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
DERECHOS DE AUTOR
La sumisión de originales para la Educação implica la transferencia, por los autores, de los derechos de publicación. El copyright de los artículos de esta revista es el autor, junto con los derechos de la revista a la primera publicación. Los autores sólo podrán utilizar los mismos resultados en otras publicaciones indicando claramente a
Educação como el medio de la publicación original.
CREATIVE COMMONS LICENSE
Debido a que es una revista de acceso abierto, permite el libre uso de artículos en aplicaciones científicas y educativas, siempre y cuando la fuente. De acuerdo con la Licencia Creative Commons CC-BY 4.0, adoptada por la
Educação el usuario debe respetar los requisitos abajo.
Usted tiene el derecho de:
Compartir - copiar y redistribuir el material en cualquier medio o formato.
Adaptar - remezcla, transformar y crear a partir del material para cualquier propósito, incluso con fines comerciales.
Sin embargo, sólo de acuerdo con los siguientes términos:
Asignación - Usted debe dar el crédito apropiado, proveer un enlace a la licencia e indicar si los cambios se han hecho. Debe hacerlo en condiciones razonables, pero de ninguna manera que sugiera que
Educação usted o su uso es compatible.
No hay restricciones adicionales - No se pueden aplicar términos legales o naturaleza tecnológica de las medidas que restringen legalmente hacer algo distinto de los permisos de licencia.
Avisos:
Usted no tiene que cumplir con los términos de licencia con respecto a los elementos materiales que son de dominio público o cuyo uso está permitido por una excepción o limitación que se aplica.
Garantías no se les da. La licencia no le puede dar todos los permisos necesarios para el uso previsto. Por ejemplo, otros derechos, como derechos de imagen, privacidad o derechos morales, pueden limitar el uso del material.
Para obtener más información acerca de la licencia Creative Commons, siga el enlace en la parte inferior de esta página web.