Escolas do campo e a guetização do processo pedagógico
DOI:
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2019.2.27832Palavras-chave:
Escolas do campo. Licenciatura em Educação do Campo. Michel Foucault. Zygmunt Bauman.Resumo
O artigo é fruto de uma investigação desenvolvida com o propósito de examinar as enunciações sobre a escola do campo produzidas por acadêmicos de um Curso de Licenciatura em Educação do Campo. O material de pesquisa escrutinado é constituído por documentos do curso e questionários aplicados junto aos estudantes. Os aportes teóricos advêm do pensamento de Michel Foucault e Zygmunt Bauman. A análise mostrou que os discentes estão capturados pelo enunciado que diz: “a escola do campo deve trabalhar com a forma de vida do campo”. Sobre a recorrência desse enunciado é possível dizer que: a) a valorização exacerbada da cultura do campo atende a uma urgência: manter na zona rural a população que nela reside, evitando seu deslocamento para as periferias das cidades; e b) reforça a guetização do processo pedagógico presente nas escolas do campo.
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