“Não há sol sem sombras”
Virtudes, impasses e limitações na pesquisa documental sobre a infância e sua educação em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2020.3.37489Palavras-chave:
infância, educação, estado da arte, fontes documentais, idade e designações das crianças.Resumo
A visibilidade da infância nas sociedades ocidentais contemporâneas, igualmente sentida nas Ciências Sociais e, em particular, na pesquisa em educação, expressa-se numa crescente área de estudos dedicada à Educação da Infância, em que se sublinha a importância das pesquisas documentais para esclarecer e divulgar o “estado da arte” ou o “estado do conhecimento” produzido. Neste texto, as mudanças no pensamento e nas práticas relativas à infância e sua educação foram escrutinadas em fontes documentais como a produção académica (dissertações de mestrado e teses de doutoramento), e num acervo documental relativo à imprensa de educação e ensino. Cada uma dessas fontes fornece subsídios valiosos para a observação do estado do conhecimento. Acresce a exploração das estatísticas sobre as crianças como fonte documental, para apreender o léxico com que elas são referenciadas na observação estatística, e que extravasou para outros campos. Em conformidade, ao apresentarem um conjunto de pesquisas documentais em fontes que permitem identificar o “estado da arte” e as reflexões suscitadas, as autoras regressam a trabalhos por elas realizados acerca das crianças, da infância e da sua educação em Portugal, propondo-se: i) apresentar as diversas fontes observadas e debater as suas virtudes, impasses e limitações nesta modalidade de pesquisa; ii) interrogar o critério de busca – idade; e iii) explorar o repertório de designações encontradas para classificar e ordenar a diversidade das crianças e suas condições biossociais na infância, contribuindo assim para a (re)construção social da infância e da educação das crianças.
Downloads
Referências
Abarello, L., Digneffe, F., Hiernaux, J.-P., Maroy, C, Ruquoy, D., & Saint-Georges, P. (1997). Práticas e métodos de investigação em ciências sociais. Lisboa: Gradiva.
Ahmed, J. (2010, Spring). Documentary research method: new dimensions. Indus Journal of Management & Social Sciences, 4(1), 1-14. Recuperado Mar 23, 2019, de http://ideas.repec.org/s/iih/journl.
Atkinson, P., & Coffey, A. (1997). Analysing documentary realities. In D. Silverman (Ed.), Qualitative research: Theory, method and practice (pp. 45–62). London: Sage.
Bacelar, S. (s.d.). Para uma sociologia da produção estatística: virtualidades duma leitura sintomática da informação estatística. Recuperado Mar 20, 2019, de https://www.ine.pt›ngt_server›attachfileu
Becchi, E., & Julia, D. (1998). Histoire de l’enfance en occident. De l’antiquité au XVII siècle (Tome 1). Paris: Seuil.
Burman, E. (1994). Deconstructing developmental psychology. London: Routledge.
CEU - EUROCHILD (2019). European Quality Framework as approved in the Council recommendation of Education Ministers in May 2019. Early Years Education and Care. Recuperado Mar 27, de https://www.eurochild.org/policy/early-years-education-and-care/
Charlot, B. (2006, Janeiro/Abril). A pesquisa educacional entre conhecimentos, políticas e práticas: especificidades e desafios de uma área de saber. Revista Brasileira de Educação, 11(31), 7 18. http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v11n31/a02v11n31.
Chartier, R. (1990). As Práticas da escrita. In Ariès, P., Duby, G. (Dir.), História da vida privada (vol. III, pp. 112-167). Porto: Edições Afrontamento.
Correia, J. A. (1998). Para uma teoria crítica em educação. Porto: Porto Editora.
Convenção dos Direitos da Criança (1989). UNICEF. Recuperado Mar 27, de https://www.unicef.pt/actualidade/publicacoes/0-a-convencao-sobre-os-direitos-da-crianca/
Darraut-Harris, I., & Fontanille, J. (2008). Les ages de la vie. Sémiotique de la culture et du temps. Paris: Puf.
Felipe, J., & Prestes, L. M. (2012). Erotização dos corpos infantis, pedofilia e pedofilização na contemporaneidade. IX ANPED Sul. Recuperado Mar 30, de http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/2538/820
Ferreira, M. (2000). “Salvar os corpos, forjar a razão”. A construção médico-social e psico-pedagógica da infância em Portugal, 1880 – 1940. Lisboa: IIE
Ferreira, M., Rocha, C., & Neves, T. (2002). “O que as estatísticas nos ‘contam’ quando as crianças são contadas” ou… as crianças nas estatísticas oficiais e a infância como construção social (Portugal, 1875-1925). Revista Educação, Sociedade e Culturas, 17, 33-66.
Ferreira, M., & Sarmento, M. (2008, Novembro). Subjectividade e bem-estar das crianças: (in)visibilidade e voz. Revista Eletrônica de Educação, 2(2), 60-91.
Ferreira, M., & Rocha, C. (2012). Figures de l’enfance, des enfants et leur éducation dans la production universitaire portugaise (1995-2005): quelle est la contribution de la sociologie de
’enfance? - analyse critique. In L. Brabant & A. Turmel (Dir.), Les figures de l’enfance d’hier à aujourd’hui: un regard sociologique (pp. 205-222). Québec: Québec Presses Interuniversitaires (ISBN 978-2-89441-120-9
Ferreira, M., & Rocha, C. (2015). A sociologia da infância e os estudos sociais da infância em Portugal: emergência e desenvolvimento (1990-2012). In M. Reis & L. Ogg Gomes (Eds.), Infância: Sociologia e Sociedade (pp. 179-207). S. Paulo: Attar Editora (ISBN: 978-85-68285-00-8
Ferreira, M., & Rocha, C. (2016). “As crianças, a infância e a educação na produção académica nacional, nas universidades públicas e privadas. Portugal, 1995-2005”. Porto: FCT/Livpsi
Ferreira, M., & Tomás, C. (2017, Setembro/Dezembro). A Educação de infância em tempos de transição paradigmática: uma viagem por discursos políticos e práticas pedagógicas em Portugal. Cadernos de Educação de Infância, número especial, 112, 19-33.
Ferreira, M., & Tomás, C. (2018). “O pré-escolar faz a diferença?” Políticas educativas na educação de infância e práticas pedagógicas. Revista Portuguesa de Educação, 31(2), 68-84. https://doi.org/10.21814/rpe.14142
Ferreira, N. S. (2002, Agosto). As pesquisas denominadas “estado da arte”. Educação & Sociedade, 33(79), 257-272. ISSN 0101-7330. https://doi.org/10.1590/S0101-73302002000300013
Garnier, P. (2016). Sociologie de l’école maternelle. Paris: PUF.
Goody, J. (1987). A lógica da escrita e a organização da sociedade. Lisboa: Edições 70.
Hendrick, H. (1997). Children, childhood and the English society, 1880-1990. Cambridge: Cambridge University Press.
Huerre, P. (2000). A adolescência não existe. História das tribulações de um artifício. Lisboa: Terramar.
James, A. (2007). Giving voice to children’s voices: practices and problems, pitfalls and potentials. American Anthropologist, 109(2), 261–272, ISSN 0002-7294 online ISSN 1548-1433.
Nóvoa, A. (Org.). (1993). Imprensa de educação e ensino, repertório analítico (séculos XIX-XX). Lisboa: IIE-ME.
Postman, N. (1994). The disappearance of childhood. New York: Vintage Books.
Rocha, C., & Ferreira, M. (1994). Contributos para a construção médico-social da infância em Portugal - da transição do século XIX até aos anos 40. Revista Educação, Sociedade e Culturas, (2), 59-90
Rocha, C., & Ferreira, M. (2008). As crianças na escola e a reconstituição do seu ofício como alunos/as – análise da produção académica nacional (1995-2005): campos disciplinares, instituições e temáticas. Comparências, ausências e prelúdios. Investigar em educação, Revista da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação, (nº 6/7), 15-126.
Rocha, C., & Ferreira, M. (2009). A saúde e os contributos (in)visíveis da família na produção académica nacional (1995-2005): campos disciplinares, instituições e temáticas. In M. E. Leandro, P. N. Sousa & V. T. R. Nossa (Orgs.), Saúde e sociedade. Os contributos (in)visíveis da família (pp. 107-130). Viseu: PsicoSoma
Rocha, E. A. C. (1999). A pesquisa em educação infantil no Brasil: trajetória recente e perspetivas de consolidação de uma pedagogia (Tese de Doutoramento). UNICAMP, Campinas, Brasil.
Rocha, E. A. C. (2002).”Infância e educação: delimitações de um campo de pesquisa”. Revista Educação, cultura e sociedade, (17), 67-88.
Rocha, E. A. C., & Buss-Simão, M. (2013). Infância e educação: novos estudos e velhos dilemas da pesquisa educacional. Educação e Pesquisa, 39(4), 943-954. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022013005000018
Rocha, E. A. C., Lessa, J. S., & Buss-Simão, M. (2016). Pedagogia da infância: interlocuções disciplinares na pesquisa em educação. Invest. Práticas. [online], 6(1), 31-49. ISSN 2182-1372.
Romanowski, J. P., & Ens, R. T. (2006, Setembro/Dezembro). As pesquisas denominadas do tipo “estado da arte” em educação. Diálogo Educ., Curitiba, 6(19), 37-50.
Sacristan, G. (2003). O aluno como invenção. Porto Alegre: Artmed (2005)
Silva, L. R. F. (2008). Da velhice à terceira idade: o percurso histórico das identidades atreladas ao processo de envelhecimento. História, Ciências, Saúde – Manguinhos [online], 15(1), 155 168. ISSN 0104-5970. https://doi.org/10.1590/S0104-59702008000100009.
Silverman, D. (1993). Interpreting qualitative data. Methods for analyzing talk, text and interaction. London: Sage.
Turmel, A. (2008). A historical sociology of childhood: developmental thinking, categorization and graphic visualization. Cambridge: Cambridge University Press.
UNICEF (2018). For every child. Strategic plan, 2018-20121. Executive summary. Division of Communication 3 United Nations Plaza, New York, NY 10017, USA.
Vasconcelos, T. (2005). Das casas de asilo ao projecto de cidadania: políticas de expansão da educação de infância em Portugal. Porto: ASA.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Educação

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
DERECHOS DE AUTOR
La sumisión de originales para la Educação implica la transferencia, por los autores, de los derechos de publicación. El copyright de los artículos de esta revista es el autor, junto con los derechos de la revista a la primera publicación. Los autores sólo podrán utilizar los mismos resultados en otras publicaciones indicando claramente a
Educação como el medio de la publicación original.
CREATIVE COMMONS LICENSE
Debido a que es una revista de acceso abierto, permite el libre uso de artículos en aplicaciones científicas y educativas, siempre y cuando la fuente. De acuerdo con la Licencia Creative Commons CC-BY 4.0, adoptada por la
Educação el usuario debe respetar los requisitos abajo.
Usted tiene el derecho de:
Compartir - copiar y redistribuir el material en cualquier medio o formato.
Adaptar - remezcla, transformar y crear a partir del material para cualquier propósito, incluso con fines comerciales.
Sin embargo, sólo de acuerdo con los siguientes términos:
Asignación - Usted debe dar el crédito apropiado, proveer un enlace a la licencia e indicar si los cambios se han hecho. Debe hacerlo en condiciones razonables, pero de ninguna manera que sugiera que
Educação usted o su uso es compatible.
No hay restricciones adicionales - No se pueden aplicar términos legales o naturaleza tecnológica de las medidas que restringen legalmente hacer algo distinto de los permisos de licencia.
Avisos:
Usted no tiene que cumplir con los términos de licencia con respecto a los elementos materiales que son de dominio público o cuyo uso está permitido por una excepción o limitación que se aplica.
Garantías no se les da. La licencia no le puede dar todos los permisos necesarios para el uso previsto. Por ejemplo, otros derechos, como derechos de imagen, privacidad o derechos morales, pueden limitar el uso del material.
Para obtener más información acerca de la licencia Creative Commons, siga el enlace en la parte inferior de esta página web.