“Não pode!”: A função Paterna e a Obesidade Infantil
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-8623.2014.2.13307Palavras-chave:
Pai, criança, obesidade, técnicas Projetivas.Resumo
Embora a literatura científica reconheça o papel da família como promotora de um ambiente emocional passível de favorecer o desenvolvimento e a manutenção da obesidade infantil, a maioria dos estudos dessa natureza restringiu-se principalmente à consideração do papel e da função materna nesse contexto, negligenciando o valor do pai nesse processo. Visando preencher essa lacuna, este estudo teve como objetivo compreender os psicodinamismos de pais de crianças obesas e sua influência no exercício da paternidade, de modo a ampliar o conhecimento do processo emocional subjacente a essa patologia, conforme vivido no relacionamento familiar. Participaram cinco homens casados, entre 32 e 44 anos, de nível socioeconômico médio. Realizou-se avaliação psicológica por meio de entrevista, Desenho da Figura Humana e Teste de Apercepção Temática. Os dados foram analisados segundo a abordagem psicanalítica. Os pais apresentaram dificuldade no contato com a própria agressividade, não admissão da impulsividade, uso de defesas rígidas e alto nível de exigência em relação aos filhos. O exercício da paternidade foi por eles vinculado mais ao suprimento material do que ao afetivo, o que seria passível de contribuir para que as crianças também se relacionassem com objetos concretamente (ingestão alimentar).Downloads
Referências
Abrantes, M. M., Lamounier, J. A., & Colosimo, E. A. (2002). Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes das regiões Sudeste e Nordeste. Jornal de Pediatria, 78(4), 335-340.
Appart, A., Tordeurs, D., & Reynaert, D. (2007). La prise en charge du patient obese: Aspects psychologiques. Louvain Medical, 126(5), 153-159.
Bauman, Z. (2004). Amor líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos. (C. A. Medeiros, Trad.). Rio de Janeiro: Zahar.
Békei, M. (1984). Transtornos psicossomáticos en la niñez y la adolescencia. Buenos Aires: Nueva Vision.
Benedetti, C. (2003). De obeso a magro: A trajetória psicológica. São Paulo: Vetor.
Bruch, H. (1975). Emotional aspects of obesity in children. Pediatric Annals, 4(1), 91-99.
Buck, J. N. (2003). H-T-P: Casa-árvore-pessoa, técnica projetiva de desenho – manual e guia de interpretação. (R. C. Tardivo, Trad.). São Paulo: Vetor. (Trabalho original publicado em 1964).
Campos, A. L. R. de. (2005). Aspectos psicológicos da obesidade. In M. Fisberg (Org.). Atualização em obesidade na infância e adolescência (pp. 107-112). São Paulo: Atheneu.
Colucci, A. M. (1997). Origem da família e mitos do nascimento: observações psicanalíticas. Revista Brasileira de Psicanálise, 31(1), 105-196.
Dias, E. O. (2003). A teoria do amadurecimento de D. W. Winnicott. Rio de Janeiro: Imago.
Etchegoyen, A., & Trowell, J. (2002). The Importance of Fathers – a psychoanalytic re-evaluation. Hove: Bunner-Routledge.
Fisberg, M., Cintra, I. P., & Oliveira, C. L. de (2005). Epidemiologia e diagnóstico da obesidade: abordagem inicial. In M. Fisberg (Org.). Atualização em obesidade na infância e adolescência (pp. 11-16). São Paulo: Atheneu.
Freitas, W. de M. F., Silva, E. de A.C. C., Guedes R. N., Lucena, K. D. T., & Costa, A. P. T. (2012). Paternidade: responsabilidade social do homem no papel de provedor. Revista de Saúde Pública, 43(1), 85-90.
Fulgencio, C. D. R. (2007). A presença do pai no processo de amadurecimento. Um estudo sobre Winnicott. Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
Grunspun, H. (2003). Distúrbios neuróticos da criança: Psicopatologia e psicodinâmica. 5ª ed. São Paulo: Atheneu.
Hennigen, I. (2010). Especialistas advertem: o pai é importante para o desenvolvimento infantil. Revista de Psicologia, 22(1), 169-184.
Jackemin, A., Barbieri, V., & Okino, E. T. K. (2001). O teste de apercepção temática – TAT. Apostila do Centro de Pesquisa em Psicodiagnóstico da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto.
Klatau, P. (2002). Encontros e desencontros entre Winnicott e Lacan. São Paulo: Escuta.
Lobstein, T., Baur, L., & Uauy, R. (2004). Obesity in children and young people: a crisis in public health. Obesity Reviews, 5(Suppl. 1), 4-85.
Mishima, F. K. T. (2007). Investigação das características psicodinâmicas de crianças obesas e de seus pais. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
Moreira, L. V. C., Rabinovich, E. P., & Silva, C. N. (2009). Olhares de crianças bahianas sobre família. Paidéia, 19(42), 77-85.
Morval, M. V. G. (1982). Le TAT et les fonctions du moi: propêdeutique à l’usage du psychologue clinicien. Canadá: Les presses de l’Université de Montréal.
Motta, I. F. (2006). Orientação de pais, novas perspectivas no desenvolvimento de crianças e adolescentes. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Outeiral, J., & Celeri, E. H. R.V. (2002). A tradição Freudiana de D. Winnicott – A situação edípica. E sobre o pai? Revista Brasileira de Psicanálise, 36(4), 757-777.
Rohner, R. P. (1998). Father love and child development: history and current evidence. Current directions in psychological science, 7(5), 157-161.
Romanelli, G. (2003). Paternidade em famílias de camadas médias. Estudos e pesquisas em psicologia, 2(1), 79-95.
Rosa, C. D. (2009). O papel do pai no processo de amadurecimento em Winnicott. Natureza Humana, 11(2), 55-96.
Scaglia, A. P. (2011). Experiência paterna em diferentes configurações familiares e o desenvolvimento do self infantil. Dissertação de Mestrado não publicada, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
Silva, M. C. V. M. (1984). Caraterísticas de época dos estímulos e sua influência nas respostas ao TAT. Dissertação de Mestrado não-publicada, Programa de Psicologia Clínica, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.
Silva, M. da R., & Piccinini, C. A. (2007). Sentimentos sobre a paternidade e o envolvimento paterno: um estudo qualitativo. Estudos de Psicologia (Campinas), 24(4), 561-573.
Stake, R. E. (2000). Case studies. In N. K. Denzin, Y. S. Lincoln (Org.). Handbook of qualitative research (pp. 435-454). London: Sage.
Trinca, W. (1984). Processo diagnóstico de tipo compreensivo. In Diagnóstico psicológico: A prática clínica (pp. 14-24). São Paulo: EPU.
Wang, Y., & Beydoun, M. A. (2007). The obesity epidemic in the United States – Gender, age, socioeconomic, racial/ethnic and geographic characteristics: A systematic review and meta-regression analysis. Epidemiologic Review, 29(1), 6-28.
Winnicott, D. W. (1982). A criança e o seu mundo (A. Cabral, Trad.). Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
Científicos. (Trabalho original publicado em 1965).
Winnicott, D. W. (1993). A família e o desenvolvimento individual (M. B. Cipolla, Trad.). São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1965).
Winnicott, D. W. (1993). Tudo começa em casa (P. Sandler, Trad.). São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1966).
Winnicott, D. W. (1994). Sobre o uso de um objeto. In C. Winnicott, R. Sheperd, & M. Davis (Orgs.). Explorações psicanalíticas: D. W. Winnicott (J. O. A. Abreu, Trad.) (pp. 170-191). Porto Alegre: Artmed. (Trabalho original publicado em 1969).
Winnicott, D. W. (1996). A comunicação entre o bebê e a mãe e entre a mãe e o bebê: convergências e divergências. In Os bebês e suas mães (J. L. Camargo, Trad.) (pp. 79-92). São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1968).
Winnicott, D. W. (1983). Distorção do ego em termos de falso e verdadeiro self. In O ambiente e os processos de maturação. (I. C. S. Ortiz, Trad.) (pp. 128-139). Porto Alegre: Artmed. (Trabalho original publicado em 1960).
Winnicott, D. W. (2000). A mente e sua relação com o psique-soma. In Da Pediatria à Psicanálise: Obras escolhidas (D. Bogomoletz, Trad.) (pp. 332-346). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1949).
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Psico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Psico como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.