Adaptação à Creche e o Processo de Separação-Individuação: Reações dos Bebês e Sentimentos Parentais
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-8623.2014.2.16283Palavras-chave:
Creche, adaptação à creche, processo de separação-individuação.Resumo
Este estudo investigou os relatos das mães e pais sobre as reações dos bebês frente à adaptação à creche e os sentimentos e reações parentais. Participaram 13 bebês e seus genitores que ingressaram na creche durante as subfases do processo de separação-individuação: diferenciação (6º mês), exploração (12º mês) e reaproximação (20º mês). Análise de conteúdo qualitativa das entrevistas apontou que reações de recusa à alimentação e adoecimento fizeram-se particularmente presentes entre os bebês que estavam nas subfases de diferenciação e exploração. Sentimentos de insegurança predominaram no relato dos genitores cujos bebês estavam na subfase de exploração, quando alguns não conseguiram se adaptar à creche. Na subfase de reaproximação, apesar das reações iniciais da criança e de sentimentos de insegurança parentais, os bebês apresentaram boa adaptação. Destaca-se a importância da presença parental no período de adaptação, contribuindo para que a creche torne-se uma referência para o bebê possibilitando a continuidade do processo de separação-individuação.Downloads
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