Dinâmicas de preconceito contra a diversidade sexual no contexto da universidade
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-8623.2023.1.38042Palavras-chave:
estudantes, diversidade de gênero, sexismo, homofobia, homossexualidade masculinaResumo
O artigo objetiva analisar experiências de preconceito contra sexualidades vivenciadas por estudantes, autodeclarados homens gays, na trajetória acadêmica. Constitui um estudo qualitativo com pressupostos metodológicos e epistemológicos feministas, no qual foram realizadas entrevistas narrativas com sete discentes, acessados por meio da técnica snowball, sendo os dados discutidos com base na análise crítica do discurso. A universidade e outros espaços (festas e repúblicas universitárias), tomados como uma extensão da instituição, são vistos como ambientes mais acolhedores e libertários para as experiências não heterossexuais, no entanto, em muitos casos, (re)produzem dinâmicas complexas de preconceito que reforçam a manutenção de tais experiências no campo do privado, colaborando para a manutenção da lógica heteronormativa. Sugere-se a criação de espaços para troca de experiências como importante ferramenta de emergência de sujeitos políticos que compreendam criticamente o contexto que os cerca e desconstruam os mecanismos de poder que produzem silenciamento e naturalizam violências.
Downloads
Referências
Alves, A. J. (1991). O planejamento de pesquisas qualitativas em educação. Cadernos de Pesquisa, 77, 53-61. http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/cp/article/view/1042
Bento, B. (2017). Transviad@s: Gênero, sexualidade e direitos humanos. EDUFBA.
Brasil. Lei nº. 7.716 de 05 de janeiro de 1989. (1989). Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Casa Civil, Subchefia para assuntos jurídicos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm
Brasil. Resolução nº. 466 de 12 de dezembro de 2012. (2012). Estabelecem diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, Ministério da Saúde. https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf
Brasil. Resolução nº. 510 de 07 de abril de 2016. (2016). Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais, envolvendo seres humanos. Ministério da Saúde. http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf
Carrara, S., & Lacerda, P. (2011). Viver sob ameaça: Preconceito, discriminação e violência homofóbica no Brasil. In G. Venturi, & V. Bokany, Diversidade sexual e homofobia no Brasil (pp. 73-87). Fundação Perseu Abramo.
Costa, A. B., Peroni, R. O., Camargo, E. S., Pasley, A., & Nardi, H. C. (2015). Prejudice toward gender and sexual diversity in a Brazilian public university: Prevalence, awareness, and the effects of education. Sexuality Research & Social Policy: A Journal of the NSRC, 12(4), 261-272. https://doi.org/10.1007/s13178-015-0191-z DOI: https://doi.org/10.1007/s13178-015-0191-z
Creswell, J. W. (2010). Projeto de pesquisa: Métodos qualitativo, quantitativo e misto. Artmed.
Ferrari, A., & Castro, R. P. (2013). Quem está preparado pra isso? Reflexões sobre a formação docente para as homossexualidades. Práxis Educativa, 8(1), 295-317. https://doi.org/10.5212/PraxEduc.v.8i1.0012 DOI: https://doi.org/10.5212/PraxEduc.v.8i1.0012
Fischer, R. M. B. (2001). Foucault e a análise do discurso em educação. Cadernos de Pesquisa, (114), 197-223. https://dx.doi.org/10.1590/S0100-15742001000300009 DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-15742001000300009
Foucault, M. (1971). A ordem do discurso. Edições Layola.
Ivory, B. T. (2005). LGBT students in community college: Characteristics, challenges, and recommendations. Wiley Periodicals, 111, 61-69. https://doi.org/10.1002/ss.174 DOI: https://doi.org/10.1002/ss.174
Jovchelovitch, S., & Bauer, M. (2003). Entrevista narrativa. In M. Bauer, & G. Gaskell (Orgs.), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: Um manual prático (pp. 90-113) Vozes.
Lacerda, M., Pereira, C., & Camino, L. (2002). Um estudo sobre as formas de preconceito contra homossexuais na perspectiva das Representações Sociais. Psicologia: Reflexão e Crítica, 15(1), 165-178. https://doi.org/10.1590/S0102-79722002000100018 DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-79722002000100018
Lima, A. F., & Junior, N. L. (2014). Metodologias de pesquisa em Psicologia Social Crítica. Sulina.
Lima, A. M. (2019). Gênero, diversidade sexual e Psicologia: Reflexões sobre a formação das(os) psicólogas(os). In D. Ferrão, L. H. Carvalho, & T. Coacci (Orgs.), Psicologia, gênero e diversidade sexual: Saberes em diálogo (pp. 16-35). CRPMG.
Lima, S. P. (2017). Os limites da “experiência” e da “liberdade” no Encontro Nacional Universitário da Diversidade Sexual (ENUDS). Sexualidad, Salud y Sociedad, 25, 256-276. https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2017.25.13.a DOI: https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2017.25.13.a
Magno-Silva, W. (2020). Preconceito e violência contra homens gays universitários: Análise de processos de hierarquização e inferiorização social. [Dissertação de mestrado, Universidade Federal de São João del-Rei]. Repositório do PPGPSI/UFSJ. https://ufsj.edu.br/portal2-repositorio/file/ppgpsi/dissertacao%20welligton%20final(1).pdf
Mendes, T. M. (2012). A homofobia na Universidade de Brasília: Discriminação, expressões e representações entre estudantes [Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade de Brasília]. http://bdm.unb.br/bitstream/10483/4211/1/2012_ThiagoMenesesdeCastro-Mendes.pdf
Mountian, I. (2014). Análise do discurso e pesquisa feminista: algumas considerações sobre metodologia e ética em pesquisa. In Aluísio. F. L., & Nadir. L. J., Metodologias de pesquisa em psicologia social crítica (pp. 165-191). Sulina.
Nardi, H. C., Machado, P. S., Machado, F. V., & Zenevich, L. (2013). O “armário” da universidade: O silêncio institucional e a violência, entre a espetacularização e a vivência cotidiana dos preconceitos sexuais e de gênero. Teoria e Sociedade, 21(2), 179-200. http://www.teoriaesociedade.fafich.ufmg.br/index.php/rts/article/view/87
Oliveira, C. T., Santos, A. S., & Dias, A. C. G. (2016). Expectativas de universitários sobre a universidade: sugestões para facilitar a adaptação acadêmica. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 17(1), 43-53. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbop/v17n1/06.pdf
Pinho, A. P. M., Dourado, L. C., Aurélio, R. M., & Bastos, A. V. B. (2015). A transição do ensino médio para a universidade: Um estudo qualitativo sobre os fatores que influenciam este processo e suas possíveis consequências comportamentais. Revista de Psicologia, 6(1), 33-47. http://www.periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/view/1691
Prado, M. A., & Junqueira, R. D. (2011). Homofobia, hierarquização e humilhação social. In G. Venturi, & V. Bokany (Orgs.), Diversidade sexual e homofobia no Brasil (pp. 51-71). Fundação Perseu Abramo.
Prado, M. A., & Machado, F. V. (2008). Preconceito contra homossexualidades: A hierarquia da invisibilidade. Cortez.
Prado, M. A., Martins, D. A., & Rocha, L. T. (2009). O litígio sobre o impensável: Escola, gestão dos corpos e homofobia institucional. Bagoas, 3(4), 209-232. https://periodicos.ufrn.br/bagoas/article/view/2304
Rizza, J. L., Ribeiro, P. R., & Mota., M. R. (2016). Disciplinas que discutem sexualidade nos currículos do Ensino Superior brasileiro: produzindo um diagnóstico da situação atual. Linhas, 17(34), 197-224. http://dx.doi.org/10.5965/1984723817342016197 DOI: https://doi.org/10.5965/1984723817342016197
Sanlo, R. L. (1998). Working with Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender college students: A handbook for faculty and administrators. Greenwood Press.
Scott, J. W. (1999). Experiência. In A. L. Silva, M. C. S. Lago, & T. R. O. Ramos (Orgs.), Falas de gênero (pp. 21-55). Mulheres. http://historiacultural.mpbnet.com.br/feminismo/Joan_Scoot-Experiencia.pdf
Secretaria Especial de Direitos Humanos. (2016). Relatório de violência homofóbica no Brasil: ano 2013. Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. http://www.direito.mppr.mp.br/arquivos/File/RelatorioViolenciaHomofobicaBR2013.pdf
Seffner, F. (2013). Sigam-me os bons: Apuros e aflições nos enfrentamentos ao regime da heteronormatividade no espaço escolar. Educação e Pesquisa, 39(1), 145-159. https://doi.org/10.1590/S1517-97022013000100010 DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022013000100010
Venturi, G. (2011). Da construção dos dados à cultura da intolerância às diferenças. In G. Venturi, & V. Bokany (Orgs.), Diversidade sexual e homofobia no Brasil (pp. 175-188). Fundação Perseu Abramo.
Venturi, G., & Bokany, V. (2011). Diversidade sexual e homofobia no Brasil. Fundação Perseu Abramo.
Vinuto, J. (2014). A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Temáticas, 22(44), 203-220. https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/tematicas/article/view/10977 DOI: https://doi.org/10.20396/tematicas.v22i44.10977
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Psico
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Psico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Psico como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.