Jeitinho Brasileiro

Desenvolvimento de uma Medida Ipsativa baseada em Historietas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-8623.2023.1.38781

Palavras-chave:

jeitinho brasileiro, historietas, escolha forçada, medida ipsativa

Resumo

Este estudo teve por objetivo desenvolver um instrumento para identificação de padrões comportamentais, baseado em situações reais do cotidiano relacionadas ao Jeitinho Brasileiro, que mapeia a tomada de decisão em diferentes contextos sociais. Foram desenvolvidos dois estudos que exploraram o fenômeno. No estudo 1, descreve-se a construção de uma escala de medida ipsativa, de escolha forçada, composta por 11 historietas de situações cotidianas e desfechos que exigem tomadas de decisão. No estudo 2, testa-se o instrumento desenvolvido em uma amostra de 480 participantes. A análise confirmatória de escalonamento multidimensional evidenciou um modelo bidimensional de duas dimensões polarizadas: (1) orientação positivo-negativo (assertivo/malandro) e (2) disposição passivo-ativo (negligente/criativo). A operacionalização de uma medida ipsativa demonstrou uma opção funcional alternativamente à escala tipo Likert, possibilitando a mensuração psicológica para comparação interindividual. O estudo, portanto, fornece uma ferramenta empírica complementar em uma perspectiva específi ca para os comportamentos cotidianos sob a ótica do Jeitinho Brasileiro

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gustavo Souza, Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), Teófilo Otoni, MG, Brasil.

Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Maceió, AL, Brasil; especialista em Docência na Educação Profissional e Tecnológica pelo Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG). Professor EBTT do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), em Teófilo Otoni, MG, Brasil; atualmente na função de Diretor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação.

Germano Gabriel Lima Esteves, Universidade de Rio Verde (UniRV), Rio Verde, GO, Brasil.

Doutor em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília (UnB), em Brasília, DF, Brasil; mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Maceió, AL, Brasil. Professor Adjunto III da Universidade de Rio Verde (UniRV), em Rio Verde, GO, Brasil.

Jorge Artur Peçanha de Miranda Coelho, Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, AL, Brasil.

Doutor e mestre em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Professor Associado da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Maceió, AL, Brasil.

Nilton Cesar Lima, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia, MG, Brasil.

Doutor e mestre em Administração pela Universidade de São Paulo (USP). Pós-doutorado em Tecnologia e Desenvolvimento pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Bolsista de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial do CNPq (nível A). Professor Associado da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Uberlândia, MG, Brasil.

Referências

Almeida, A. C. (2007). A cabeça do brasileiro. Rio de Janeiro: Record.

Amado, G., & Brasil, H. V. (1991). Organizational behaviors and cultural context: the Brazilian “jeitinho”. International Studies of Management and Organization, 21(3), 38-61. http://doi.org/10.1080/00208825.1991.11656561

Barbosa, L. (2006). O jeitinho brasileiro: a arte de ser mais igual do que os outros. Rio de Janeiro: Elsevier.

Barlach, L. (2013). O Jeitinho Brasileiro: traço da identidade nacional? Revista Gestão & Políticas Públicas, 3(2), 228-245. Recuperado de: http://www.revistas.usp.br/rgpp/article/view/98574

Baron, H. (1996). Strengths and limitations of ipsative measurement. Journal of Occupational and Organizational Psychology, 69, 49-56. http://doi.org/10.1111/j.2044-8325.1996.tb00599.x

Borg, I., & Groenen, P. J. F. (2005). Modern multidimensional scaling: theory and applications (2a ed.). New York: Springer.
Brown, A., & Maydeu-Olivares, A. (2013). How IRT can solve problems of ipsative data in forced-choice questionnaires. Psychological Methods, 18(1), 36-52. http://doi.org/10.1037/a0030641

DaMatta, R. Carnavais, malandros e heróis. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990.

Duarte, F. (2006). Exploring the interpersonal transaction of the Brazilian jeitinho in bureaucratic contexts. Organization, 13(4), 509-527. http://doi.org/10.1177/1350508406065103

Duarte, F. (2011). The strategic role of charm, simpatia and jeitinho in Brazilian society: a qualitative study. Asian Journal of Latin American Studies, 24(3), 29-48. Recuperado de: http://www.ajlas.org/v2006/paper/2011vol24no302.pdf

Dunlap, W. P., & Cornwell, J. M. (1994). Factor analysis of ipsative measures. Multivariate Behavioral Research, 29(1), 115-126. http://doi.org/10.1207/s15327906mbr2901_4

Fernandes, R. A., & Hanashiro, D. M. M. (2015). Explorando aspectos indígenas da gestão numa organização financeira: jeitinho e sociedade relacional. Revista de Administração Contemporânea, 19(3), 328-347. http://doi.org/10.1590/1982-7849rac20151922

Fernandes, D. M., Perallis, C. G., & Pezzato, F. A. (2015). Creativity, Brazilian “jeitinho,” and cultural practices: A behavioral analysis. Behavior Analysis: Research and Practice, 15(1), 28-35. http://doi.org/10.1037/h0101067

Ferreira, M. C., Fischer, R., Porto, J. B., Pilati, R., & Milfont, T. L. (2012). Unraveling the mystery of Brazilian Jeitinho: a cultural exploration of social norms. Personality and Social Psychology Bulletin, 38(3), 331-344. http://doi.org/10.1177/0146167211427148

Fischer, R., Ferreira, M. C., Milfont, T., & Pilati, R. (2014). Culture of corruption? The effects of priming corruption images in a high corruption context. Journal of Cross-Cultural Psychology, 45(10), 1594-1605. http://doi.org/10.1177/0022022114548874

Flach, L. (2012). O jeitinho brasileiro: analisando suas características e influências nas práticas organizacionais. Gestão & Planejamento, 12(3), 499-514. Recuperado de: https://revistas.unifacs.br/index.php/rgb/article/view/1197/1852

Freire, D. A. L., Lopes, V. R., & Martins, R. M. (2018). É jeitinho, malandragem ou corrupção? A percepção dos atuais e futuros gestores da geração y sobre as condutas ilícitas cotidianas e organizacionais. Revista Expectativa, 17(1), 168-182. Recuperado de: http://e-revista.unioeste.br/index.php/expectativa/article/view/18774/13761

Gächter, S., & Schulz, J. F. (2016). Intrinsic honesty and the prevalence of rule violations across societies. Nature, 531(7595), 496-499. http://doi.org/10.1038/nature17160

Garrett, N., Lazzaro, S. C., Ariely, D., & Sharot, T. (2016). The brain adapts to dishonesty. Nature Neuroscience, 19(12), 1727-1732. http://doi.org/10.1038/nn.4426

Gino, F., & Ariely, D. (2012). The dark side of creativity: original thinkers can be more dishonest. Journal of Personality and Social Psychology, 102(3), 445-459. http://doi.org/10.1037/a0026406

Gnoato, G. (2014). A lei do “jeitinho brasileiro”: um estudo longitudinal. Revista do Instituto do Direito Brasileiro (RIDB), 3(5), 3439-3461. Recuperado de: http://www.cidp.pt/revistas/ridb/2014/05/2014_05_03439_03461.pdf

Greer, T., & Dunlap, W. P. (1997). Analysis of variance with ipsative measures. Psychological Methods, 2(2), 200-207. http://doi.org/10.1037/1082-989X.2.2.200

Hofstede, G., Hilal, A. V. G. de, Malvezzi, S., Tanure, B., & Vinken, H. (2010). Comparing regional cultures within a country: lessons from Brazil. Journal of Cross-Cultural Psychology, 41(3), 336-352. http://doi.org/10.1177/0022022109359696

Hontangas, P. M., Leenen, I., De La Torre, J., Ponsoda, V., Morillo, D., & Abad, F. J. (2016). Traditional scores versus IRT estimates on forced-choice tests based on a dominance model. Psicothema, 28(1), 76-82. http://doi.org/10.7334/psicothema2015.204

Leichsenring, I. M. F. (2014). A universidade corrupta: o jeitinho brasileiro de se fazer ciência. Revista Espaço Acadêmico, 13(152), 1-16. Recuperado de: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/22664

Lima, D. M. da C., Fraga, V. F., & Oliveira, F. B. de (2016). O paradoxo da reforma do Judiciário: embates entre a nova gestão pública e a cultura organizacional do jeitinho. Revista de Administração Pública, 50(6), 893-912. http://doi.org/10.1590/0034-7612152761

Lorenzo-Seva, U., & ten Berge, J. M. F. (2006). Tucker’s congruence coefficient as a meaningful index of factor similarity. Methodology, 2(2), 57-64. http://doi.org/10.1027/1614-2241.2.2.57

Meade, A. W. (2004). Psychometric problems and issues involved with creating and using ipsative measures for selection. Journal of Occupational and Organizational Psychology, 77, 531-552. http://doi.org/10.1348/0963179042596504

Miura, M. A., Pilati, R., Milfont, T. L., Ferreira, M. C., & Fischer, R. (2019). Between simpatia and malandragem: Brazilian jeitinho as an individual difference variable. PLoS One, 14(4), e0214929. http://doi.org/10.1371/journal.pone.0214929

Moraes, A. F. G. de, Gomes, D. C., & Helal, D. H. (2016). Brazilian jeitinho and culture: an analysis of the films Elite Squad 1 and 2. Revista de Administração Mackenzie, 17(3), 84-104. http://doi.org/10.1590/1678-69712016/administracao.v17n3p84-104

Motta, F. C. P., & Alcadipani, R. (1999). Jeitinho brasileiro, controle social e competição. Revista de Administração de Empresas, 39(1), 6-12. http://doi.org/10.1590/S0034-75901999000100002

Nishioka, S. A., & Akol, D. (2019). Jeitinho as a coping strategy used by Brazilian international students for acculturative stress. Journal of International Students, 9(3), 815-833. http://doi.org/10.32674/jis.v0i0.675

Pasquali, L. (2013). Psicometria: teoria dos testes na psicologia e na educação (5a ed.). Petrópolis, RJ: Editora Vozes.

Pedroso, J. P. P., Massukado-Nakatani, M. S., & Mussi, F. B. (2009). A relação entre o jeitinho Brasileiro e o perfil empreendedor: possíveis interfaces no contexto da atividade empreendedora no Brasil. Revista de Administração Mackenzie, 10(4), 100-130. http://doi.org/10.1590/S1678-69712009000400006

Pereira, O. S. (2015). A negatividade fenomenológica do “jeitinho brasileiro” contida no ser corrupto dentro da administração pública. Clareira, 2(2), 145-162. Recuperado de: http://www.periodicos.unir.br/index.php/clareira/article/view/3607/2487

Pilati, R., Milfont, T. L., Ferreira, M. C., Porto, J., & Fischer, R. (2011). Brazilian jeitinho: Understanding and explaining an indigenous psychological construct. Interamerican Journal of Psychology, 45(1), 29-38. Recuperado de: https://psycnet.apa.org/record/2013-27873-004

Ramirez-Esparza, N., Gosling, S. D., & Pennebaker, J. W. (2008). Paradox lost: unraveling the puzzle of simpatia. Journal of Cross-Cultural Psychology, 39(6), 703-715. http://doi.org/10.1177%2F0022022108323786

Souza, G. H. S., Coelho, J. A. P. de M., Lima, N. C., & Queiroz, J. V. (2014). Marketing informal: Um modelo de comercialização pautado em jeitinho brasileiro, informalidade e empreendedorismo. Revista Brasileira de Marketing, 13(3), 63-77. http://doi.org/10.5585/remark.v13i3.2703

Velho, G. (2003). Desvio e divergência: uma crítica da patologia social (8a ed.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.

Vieira, C. A., Costa, F. L., & Barbosa, L. O. (1982). O “jeitinho” brasileiro como um recurso de poder. Revista de Administração Pública, 16(2), 5-31. Recuperado de: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/view/11440/10392

Welter, G. M-R., & Capitao, C. G. (2007). Medidas ipsativas na avaliação psicológica. Avaliação Psicológica, 6(2), 157-165. Recuperado de: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v6n2/v6n2a06.pdf

Zimmermann, A. (2009). Law and society in Brazil: the prevailing perceptions of law in Brazilian society. International Journal of Private Law, 2(1), 15-30. http://doi.org/10.1504/IJPL.2009.021510

Downloads

Publicado

2023-11-14

Como Citar

Silva de Souza, G. H., Lima Esteves, G. G., Peçanha de Miranda Coelho, J. A., & Lima, N. C. (2023). Jeitinho Brasileiro: Desenvolvimento de uma Medida Ipsativa baseada em Historietas. Psico, 54(1), e38781. https://doi.org/10.15448/1980-8623.2023.1.38781