Entre altos e baixos

momentos significativos vivenciados por casais longevos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1980-8623.2023.1.39158

Palavras-chave:

relações conjugais, satisfação conjugal, parentalidade

Resumo

Na convivência de longa duração, os momentos considerados signifi cativos pelos casais são importantes referências para se entender a satisfação com os modos de se relacionar a dois. O objetivo deste estudo foi compreender como casais engajados em relacionamentos de longa duração percebem os “melhores” e “piores” momentos vivenciados na conjugalidade. Entrevistas semiestruturadas foram conduzidas com 25 casais heterossexuais, que estavam juntos, em média, há 39,5 anos. As entrevistas transcritas foram submetidas à análise temático-refl exiva. A experiência da parentalidade e a convivência familiar foram identificadas como os melhores momentos e, como piores experiências, o enfrentamento do adoecimento ou morte de um membro familiar e dificuldades financeiras. Conclui-se que, para os casais entrevistados, convivência familiar e cuidados parentais são percebidos como determinantes da satisfação conjugal. As relações conjugais são classifi cadas de forma dicotômica, como boas ou ruins, a partir de fatos pontuais que eliciam satisfação ou insatisfação com o relacionamento, sem considerar que o vínculo amoroso é dinâmico e, portanto, sensível a melhores e piores momentos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fabio Scorsolini-Comin, Universidade de São Paulo

Doutor e livre docente em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-doutorado na área de Tratamento e Prevenção Psicológica pela mesma instituição. Professor Associado do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem Psiquiátrica da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.

Talita Cristina Grizólio, Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Psicóloga e mestra em Psicologia pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em Uberaba, MG, Brasil. Doutoranda pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil.

Manoel Antônio dos Santos, Universidade de São Paulo

Doutor e Livre Docente em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP). Professor Titular do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil.
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, PQ-1A.

Referências

Alexandre, V., & Santos, M. A. (2019). Experiência conjugal de casal cis-trans: contribuições ao estudo da transconjugalidade. Psicologia: Ciência e Profissão, 39(n. spe3), e228629. https://doi.org/10.1590/1982-3703003228629 DOI: https://doi.org/10.1590/1982-3703003228629

Braun, V., & Clarke, V. (2019). Reflecting on reflexive thematic analysis. Qualitative Research in Sport, 11(1), 1–19. https://doi.org/10.1080/2159676X.2019.1628806 DOI: https://doi.org/10.1080/2159676X.2019.1628806

Campos, S. O., Scorsolini-Comin, F., & Santos, M. A. (2017). Transformações da conjugalidade em casamentos de longa duração. Psicologia Clínica, 29(1), 69–89. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/pc/v29n1/a06.pdf

Carr, D., Freedman, V. A., Cornman, J. C., & Schwarz, N. (2014). Happy marriage, happy life? Marital quality and subjective well‐being in later life. Journal of Marriage and Family, 76(5), 930–948. https://doi.org/10.1111/jomf.12133 DOI: https://doi.org/10.1111/jomf.12133

Carvalho, M. R. S., Oliveira, J. F., Gomes, N. P., Santos, M. M., Estrela, F. M., & Duarte, H. M. S. (2018). Interface between conjugal violence and alcohol consumption by the partner. Revista Brasileira de Enfermagem, 71(suppl 5), 2109–2115. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0540 DOI: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0540

Costa, C. B., & Mosmann, C. P. (2015). Relacionamentos conjugais na atualidade: percepções de indivíduos em casamentos de longa duração. Revista da SPAGESP, 16(2), 16–31. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702015000200003

Dhindsa, D. S., Khambhati, J., Schultz, W. M., Tahhan, A. S., & Quyyumi, A. A. (2020). Marital status and outcomes in patients with cardiovascular disease. Trends in Cardiovascular Medicine, 30(4), 215–220. https://doi.org/10.1016/j.tcm.2019.05.012 DOI: https://doi.org/10.1016/j.tcm.2019.05.012

Emídio, T. S., & Gigek, T. (2019). Elas não querem ser mães: algumas reflexões sobre a escolha pela não maternidade na atualidade. Trivium - Estudos Interdisciplinares, 11(2), 186–197. https://dx.doi.org/10.18379/2176-4891.2019v2p.186 DOI: https://doi.org/10.18379/2176-4891.2019v2p.186

Fu, R., & Noguchi, H. (2018). Does the positive relationship between health and marriage reflect protection or selection? Evidence from middle-aged and elderly Japanese. Review of Economics of the Household, 16, 1003–1016. https://doi.org/10.1007/s11150-018-9406-4 DOI: https://doi.org/10.1007/s11150-018-9406-4

Goulart, S. A., Oliveira, A. C. G. A., Scorsolini-Comin, F., & Santos, M. A. (2019). Fatores relacionados aos casamentos de longa duração: panorama a partir de uma revisão integrativa. Psico, 50(2), e30370. https://doi.org/10.15448/1980-8623.2019.2.30370 DOI: https://doi.org/10.15448/1980-8623.2019.2.30370

Grizólio, T. C., Scorsolini-Comin, F., & Santos, M. A. (2015). The perception of parenting couples engaged in long-term marriages. Psicologia em Estudo, 20(4), 663–674. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v20i4.29536 DOI: https://doi.org/10.4025/psicolestud.v20i4.29536

Grizólio, T. C., Santos, M. A., & Scorsolini-Comin, F. (2020). Razões para a manutenção do laço conjugal diante de eventos críticos em

casamentos longevos. Contextos Clínicos, 13(3), 762–785. https://doi.org/10.4013/ctc.2020.133.03 DOI: https://doi.org/10.4013/ctc.2020.133.03

Hank, K., & Steinbach, A. (2021). The virus changed everything, didn’t it? Couples’ division of housework and childcare before and during the Corona crisis. Journal of Family Research, 33(1), 99–114. https://doi.org/10.20377/jfr-488 DOI: https://doi.org/10.20377/jfr-488

Lisboa, A. V., & Féres-Carneiro, T. (2008). ...Até que adoença nos separe? A conjugalidade e o adoecer somático. Psico (Porto Alegre), 39(1), 83–90.

Margelisch, K., Schneewind, K. A., Violette, J., & Perrig-Chiello, P. (2015). Marital stability, satisfaction and well-being in old age: variability and continuity in long-term continuously married older persons. Aging & Mental Health, 1–10. https://doi.org/10.1080/13607863.2015.1102197 DOI: https://doi.org/10.1080/13607863.2015.1102197

Morelli, A. B., & Scorsolini-Comin, F. (2016). Repercussões da morte do filho na dinâmica conjugal de casais religiosos. Temas em Psicologia, 24(2), 565–577. https://doi.org/10.9788/TP2016.2-10 DOI: https://doi.org/10.9788/TP2016.2-10

Mosmann, C., & Falcke, D. (2011). Conflitos conjugais: motivos e frequência. Revista da SPAGESP, 12(2), 5–16. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-29702011000200002

Neris, R. R., Zago, M. M. F., Ribeiro, M. A., Porto, J. P., & Anjos, A. C. Y. (2018). Experience of the spouse of a woman with breast cancer undergoing chemotherapy: a qualitative case study. Escola Anna Nery, 22(4), e20180025. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2018-0025 DOI: https://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2018-0025

Norgren, M. D. B. P., Souza, R. D., Kaslow, F., Hammerschmidt, H., & Sharlin, S. A. (2004). Satisfação conjugal em casamentos de longa duração: uma construção possível. Estudos de Psicologia (Natal), 9(3), 575–584. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2004000300020 DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-294X2004000300020

Oliveira, A. C. G. A., Leonidas, C., & Scorsolini-Comin, F. (2020). Gender roles in long-term marriages: continuance or rupture? Psicologia Clínica, 32(2), 251–272. https://dx.doi.org/10.33208/PC1980-5438v0032n02A03

Oliveira, J. B. A., & Lopes, R. G. C. (2008). O processo de luto no idoso pela morte de cônjuge e filho. Psicologia em Estudo, 13(2), 217-221. https://doi.org/10.1590/S1413-73722008000200003 DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-73722008000200003

Prime, H., Wade, M., & Browne, D. T. (2020). Risk and resilience in family well-being during the COVID-19 pandemic. The American Psychologist, 75(5), 631–643. https://doi.org/10.1037/amp0000660 DOI: https://doi.org/10.1037/amp0000660

Rios, M. G., & Gomes, I. C. (2009). Casamento contemporâneo: revisão de literatura acerca da opção por não ter filhos. Estudos de Psicologia (Campinas), 26(2), 215–225. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2009000200009 DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-166X2009000200009

Rizzon, A. L. C., Mosmann, C. P., & Wagner, A. (2013). A qualidade conjugal e os elementos do amor: um estudo correlacional. Contextos Clínicos, 6(1), 41–49. https://doi.org/10.4013/ctc.2013.61.05 DOI: https://doi.org/10.4013/ctc.2013.61.05

Schlösser, A. (2014). Interface entre saúde mental e relacionamento amoroso: um olhar a partir da Psicologia Positiva. Pensando Famílias, 18(2), 17–33. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-494X2014000200003

Scorsolini-Comin, F., Alves-Silva, J. D., & Santos, M. A. (2018). Permanências e descontinuidades nas concepções contemporâneas de casamento na perspectiva de casais longevos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 34, e34423. https://doi.org/10.1590/0102.3772e34423 DOI: https://doi.org/10.1590/0102.3772e34423

Silva, I. M., Lordello, S. R., Schimidt, B., & Mieto, G. (2020). Brazilian families facing the COVID-19 outbreak. Journal of Comparative Family Studies, 51, 324–336. https://doi.org/10.3138/jcfs.51.3-4.008 DOI: https://doi.org/10.3138/jcfs.51.3-4.008

Silva, L. A., Scorsolini-Comin, F., & Santos, M. A. (2017). Casamentos de longa duração: recursos pessoais como estratégias de manutenção do laço conjugal. Psico-USF, 22(2), 323–335. https://doi.org/10.1590/1413-82712017220211 DOI: https://doi.org/10.1590/1413-82712017220211

Skipper, A. D., & Taylor, R. J. (2021). Marital and romantic satisfaction among older African Americans. Annual Review of Gerontology and Geriatrics, 41(1), 249-268. https://doi.org/10.1891/0198-8794.41.249 DOI: https://doi.org/10.1093/geroni/igab046.184

Tong, A., Sainsbury, P., & Craig, J. (2007). Consolidated criteria for reporting qualitative research (COREQ): a 32-item checklist for interviews and focus groups. International Journal for Quality in Health Care, 19(6), 349–357. https://doi.org/10.1093/intqhc/mzm042 DOI: https://doi.org/10.1093/intqhc/mzm042

Uziel, A.P. (2021). LGBTQ+ conjugalities: reviewing gender uncertainties. In N. A. Morais, F. Scorsolini-Comin,& E. Cerqueira-Santos, E. (Eds.), Parenting and couple relationships among LGBTQ+ people in diverse contexts (pp. 7–23). Springer. https://doi.org/10.1007/978-3-030-84189-8_2 DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-030-84189-8_2

Whisman, M. A., Gilmour, A. L., & Salinger, J. M. (2018). Marital satisfaction and mortality in the United States adult population. Health Psychology, 37(11), 1041–1044. https://doi.org/10.1037/hea0000677 DOI: https://doi.org/10.1037/hea0000677

Downloads

Publicado

2023-10-23

Como Citar

Scorsolini-Comin, F., Grizólio, T. C., & Santos, M. A. dos. (2023). Entre altos e baixos: momentos significativos vivenciados por casais longevos. Psico, 54(1), e39158. https://doi.org/10.15448/1980-8623.2023.1.39158