Respiração lenta e profunda aumenta a modulação vagal em gestantes
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-6108.2017.4.28050Palavras-chave:
gravidez, respiração, sistema cardiovascular, frequência cardíaca, arritmia sinusal respiratória, sistema nervoso autônomo.Resumo
OBJETIVOS: Comparar a resposta da modulação autonômica da frequência cardíaca de gestantes e mulheres não gestantes, antes e após a manobra de acentuação da arritmia sinusal respiratória.
MÉTODOS: Foi realizado um estudo transversal com amostra de 24 mulheres, divididas em dois grupos: grupo gestantes (independente da idade gestacional) e grupo controle (não gestantes). A avaliação consistiu em registro dos intervalos RR por um cardiofrequencímetro, para análise de índices lineares e não lineares da variabilidade da frequência cardíaca. As avaliações foram feitas no repouso em decúbito lateral esquerdo, antes e após a manobra de acentuação da arritmia sinusal respiratória, que consiste em respirações lentas de cinco a seis ciclos por minuto. A razão expiração/inspiração e a diferença entre a inspiração e a expiração foram avaliadas durante a manobra. Foram comparados os resultados obtidos entre os dois grupos (gestantes e não gestantes), assim como os obtidos em cada grupo, antes e após a manobra. Para a análise estatística o nível de significância considerado foi p<0,05.
RESULTADOS: Os índices lineares mostraram valores iniciais da modulação simpática (banda de baixa frequência) aumentados nas gestantes quando comparadas às mulheres não gestantes (gestantes: 68,9±28,1; controles: 49,3±11,7; p=0,002). Após a manobra respiratória, o índice obtido pela raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre os intervalos RR normais adjacentes aumentou no grupo gestantes (pré manobra: 34,5±5,7; pós manobra: 38,9±5,8; p=0,027), indicando aumento da atuação parassimpática para essa população após a aplicação da manobra. Além disso, houve aumento dos valores de complexidade, sugeridos pela entropia de Shanon após a manobra, para ambos os grupos, sendo o aumento maior nas gestantes. Em relação aos índices avaliados durante a manobra, ambos os grupos apresentaram valores da razão expiração/inspiração maiores que 1, o que sugere integridade do sistema nervoso autônomo.
CONCLUSÕES: Houve melhora da regulação do sistema nervoso autônomo ao final da manobra respiratória para as gestantes, sugerindo que o padrão de respiração lenta e profunda possa aumentar a modulação vagal e conferir efeito cardioprotetor, além de ocasionar relaxamento e sensação de bem-estar.
Downloads
Referências
Tejera E, Areias JM, Rodrigues A, Nieto-Villar JM, Rebelo I. Blood pressure and heart rate variability complexity in normal pregnancy. Influence of age, familiar history and parity. Hypertens Pregnancy. 2012;31(1):91-106. https://doi.org/10.3109/10641955.2010.544801
Tejera E, Areias JM, Rodrigues A, Rebelo I, Nieto-Villar JM. Network centrality and multiscale transition asymmetry in the heart rate variability analysis of normal and preeclamptic pregnancies. Commun Nonlinear Sci Numer Simul. 2011;16(3):1589-96. https://doi.org/10.1016/j.cnsns.2010.07.009
Tejera E, Areias MJ, Rodrigues AI, Ramõa A, Nieto-Villar JM, Rebelo I. Relationship between heart rate variability indexes and common biochemical markers in normal and hypertensive third trimester pregnancy. Hypertens Pregnancy. 2012b;31(1):59-69. https://doi.org/10.3109/10641955.2010.544802
Kamath M, Watanabe M, Upton A. Heart rate variability signal analysis: clinical applications. New York: CRC Press; 2013.
Vanderlei LCM, Pastre CM, Hoshi RA, Carvalho TD, Godoy MF. Basic notions of heart rate variability and its clinical applicability. Braz J Cardiovasc Surg. 2009;24(2):205-17. https://doi.org/10.1590/S0102-76382009000200018
Ferreira LL, Souza NM, Bernardo AFB, Vitor ALR, Valenti VE, Vanderlei LCM. Heart rate variability as a resource in physical therapy: analysis of national journal. Fisioter Mov. 2013;26(1):25-36. https://doi.org/10.1590/S0103-51502013000100003
Hayano J, Mukai S, Sakakibara M, Okada A, Takata K, Fujinami T. Effects of respiratory interval on vagal modulation of heart rate. Am J Physiol. 1994;267(1):H33-40.
Bruehl S, Chung OY. Interactions between the cardiovascular and pain regulatory systems: an updated review of mechanisms and possible alterations in chronic pain. Neurosci Biobehav Rev. 2004;28(4):395-414. https://doi.org/10.1016/j.neubiorev.2004.06.004
Almeida L, Constâncio J, Santos C, Silva T, Raposo M. Análise comparativa das PE e PI máximas entre mulheres grávidas e não-grávidas e entre grávidas de diferentes períodos gestacionais. Rev Saúde Com. 2005;1(1):9-17.
Duarte G. Modificações e adaptações do organismo materno decorrentes da gravidez. In: Ferreira CHJ, Carvalho CRF, Tanaka C. Fisioterapia na saúde da mulher. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011.
Heiskanen N, Saarelaine H, Valtonen P, Laitinen T, Vanninen E, Heinonen S. Blood pressure and heart rate variability analysis of orthostatic challenge in normal human pregnancies. Clinic Physiol Function Imaging. 2008;28(6):384-90. https://doi.org/10.1111/j.1475-097X.2008.00818.x
Task Force of the European Society of Cardiology and the North American Society of Pacing and Electrophysiology. Heart rate variability: standards of measurement, physiological interpretation and clinical use. Circulation. 1996;93(5):1043-65. https://doi.org/10.1161/01.CIR.93.5.1043
Logier R, De Jonckheere J, Dassonneville A. An efficient algorithm for R-R intervals series filtering. Conf Proc IEEE Eng Med Biol Soc. 2004;6:3937-40. https://doi.org/10.1109/IEMBS.2004.1404100
Porta A, Faes L, Masé M, D'Aggio G, Pinna GD, Maestri R, Montano N, Furlan R, Guzzetti S, Nollo G, Malliani A. An integrated approach based on uniform quantization for the evaluation of complexity of short-term heart period variability: Application to 24 h Holter recordings in healthy and heart failure humans. Chaos. 2007;17(1):015117. https://doi.org/10.1063/1.2404630
Mizuno T, Tamakoshi K, Tanabe K. Anxiety during pregnancy and autonomic nervous system activity: A longitudinal observational and cross-sectional study. J Psychosom Res. 2017;99:105-111. https://doi.org/10.1016/j.jpsychores.2017.06.006
May LE, Knowlton J, Hanson J, Suminski R, Paynter C, Fang X, Gustafson KM. Effects of Exercise During Pregnancy on Maternal Heart Rate and Heart Rate Variability. PMR. 2016;8(7):611-7. https://doi.org/10.1016/j.pmrj.2015.11.006
Nakagaki A, Inami T, Minoura T, Baba R, Iwase S, Sato M. Differences in autonomic neural activity during exercise between the second and third trimesters of pregnancy. J Obstet Gynaecol Res. 201;42(8):951-9.
Carpenter RE, Emery SJ, Uzun O, Rassi D, Lewis MJ. Influence of antenatal physical exercise on heart rate variability and QT variability. J Matern Fetal Neonatal Med. 2017;30(1):79-84. https://doi.org/10.3109/14767058.2016.1163541
Miyazato K, Matsukawa K. Decreased cardiac parasympathetic nerve activity of pregnant women during foot baths. Jpn J Nurs Sci. 2010;7(1):65-75. https://doi.org/10.1111/j.1742-7924.2010.00136.x
Arsenault M, Ladouceur A, Lehmann A, Rainville P, Piche M. Pain modulation induced by respiration: phase and frequency effects. Neuroscience. 2013;252:501-11. https://doi.org/10.1016/j.neuroscience.2013.07.048
Yasuma F, Hayano J. Respiratory Sinus Arrhytmia: why does the heartbeat synchronize with respiratory rhythm? Chest. 2004;125(2):683-90. https://doi.org/10.1378/chest.125.2.683
DiPietro JA, Costigan KA, Nelson P, Gurewitsch ED, Laudenslager ML. Fetal responses to induced maternal relaxation during pregnancy. Biol Psychol. 2008;77(1):11-9. https://doi.org/10.1016/j.biopsycho.2007.08.008
Moertl MG, Lackner HK, Papousek I, Roessler A, Hinghofer-Szalkay H, Lang U, Kolovetsiou-Kreiner V, Schlembach D. Phase synchronization of hemodynamic variables at rest and after deep breathing measured during the course of pregnancy. PLoS One. 2013;8(4):e60675.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.0060675
Goldberger AL. Non-linear dynamics for clinicians: chaos theory, fractals, and complexity at the bedside. Lancet. 1996;347(9011):1312-4. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(96)90948-4
Souza AI, Filho MB, Ferreira LOC. Alterações hematológicas e gravidez. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. 2002;24(1):29-36. https://doi.org/10.1590/S1516-84842002000100006