Os métodos de prova nos Primeiros Analíticos de Aristóteles e sua natureza normativa
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-6746.2020.3.35620Palavras-chave:
Lógica, Silogismo, Prova, InferencialismoResumo
Este artigo se divide em duas etapas. A primeira etapa tem o objetivo de apresentar, dos tópicos 1 ao 5, três métodos de prova e um de contraprova presentes nos Primeiros Analíticos de Aristóteles. Fornecendo uma notação de fácil acesso, compreensão e relativamente neutra à interpretações com o objetivo de demonstrar que a silogística preserva interessantes ferramentas de dedução e questões intuitivamente férteis para investigação filosófica, em especial, àqueles que desejam compreender leituras filosóficas à lógica de Aristóteles, como as presentes em Łucasievicz (1957) e Corcoran (2009). A segunda etapa consiste em oferecer uma interpretação inferencialista ao estilo de Robert Brandom (1999) para a silogística aristotélica. Para realizar esta tarefa, iniciaremos com a apresentação do contexto e dos elementos formais de desenvolvimento do método aristotélico de prova de argumentos chamado silogística. Em seguida, apresentarei o método direto de prova que envolve converter sentenças em silogismos imperfeitos e permutar a posição sujeito-predicado delas, de modo a obter um silogismo perfeito. Depois, apresentarei o método chamado reductio ad impossibile que se vale das regras do método direto, das relações semânticas entre sentenças categóricas e de hipóteses para provar a validade do silogismo. Por fim, apresento o método de prova chamado ekthesis, que envolve a introdução de categorias intermediárias e suas manipulações entre esquemas dedutivos a fim de provar a validade do silogismo. A segunda etapa, dos tópicos 6 ao 8, consiste na discussão da silogística como um sistema baseado em regras, inspirado nos trabalhos de Żłarnecka–Biały (1993) e Corcoran (2018). A partir do qual exploro a possibilidade de interpretar a silogística de uma perspectiva inferencialista, como uma estratégia lógica de explicitação do “jogo de dar e pedir razões” que marcou a filosofia por cerca de dois milênios.
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