Instante ou duração? Problematizando e dissolvendo o paradoxo do tempo a partir da querela entre Bachelard e Bergson
DOI:
https://doi.org/10.15448/1984-6746.2020.1.36055Palavras-chave:
Bergson. Bachelard. Tempo/Matéria. Instante. Duração.Resumo
Se, para Gaston Bachelard, a realidade do tempo se reduz ao instante presente, circundado por dois nadas (o passado e o futuro), para Henri Bergson, que se encontra em uma posição diametralmente oposta à de Bachelard, o tempo é um contínuo, uma duração ininterrupta. Mais do que isso, para Bergson, a única dimensão real do tempo é o passado, que se prolonga no presente e abre as portas para o futuro, ou seja, para o novo, para a novidade. Pois bem, tomando por base a querela que se estabeleceu entre esses dois pensadores acerca do tempo (somado a algumas outras contribuições), o presente artigo pretende mostrar como é possível dissolver o paradoxo do tempo a partir do aprofundamento de sua relação com a matéria. Relação essa que sempre foi feita na história da filosofia, e mesmo na ciência (em função de se associar o tempo ao movimento das coisas), mas nunca por se levar em conta que o enigma do tempo (afinal, tal como Agostinho, sabemos e não sabemos o que é o tempo) depende também da decifração do que é a própria matéria, sempre considerada algo de menor valor por uma metafísica dualista que ainda domina subterraneamente o pensamento.
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