O Silêncio de Bachelard

A recusa do político como ato político

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2025.1.46177

Palavras-chave:

Bachelard, política, epistemologia, poética, fenomenologia.

Resumo

Gaston Bachelard passou a Primeira Guerra Mundial nas trincheiras e a Segunda Guerra Mundial na Sorbonne. No entanto, ao contrário de muitos outros filósofos franceses do seu tempo, nada escreveu sobre a situação política de suas circunstâncias. O objetivo deste artigo é explicar o surpreendente silêncio político de Bachelard. Em primeiro lugar, mostro que o seu pensamento engaja-se em dois campos: a epistemologia e a imaginação poética. Em seguida, demonstro, com Jean Libis e Michel Fabre, que é possível explicar a razão do seu silêncio epistemológico: a dimensão política da sua filosofia da ciência estaria inscrita nas suas reflexões sobre a cidade científica e o papel da escola na sociedade. Por fim, proponho uma hipótese original sobre a dimensão política da sua obra dedicada à imaginação poética: o seu silêncio político é, ele próprio, um ato político – e o caminho da liberdade não se encontra no mundo da ação entre os homens, mas no caminho da poesia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gustavo Bertoche Guimarães, Universidade Estadual do Paraná. Campus União da Vitória.

Doutor em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro; professor no Colegiado de Filosofia da Universidade Estadual do Paraná (Unespar). É membro da Association Internationale Gaston Bachelard.

Referências

BACHELARD, Gaston. L’air et les songes: essai sur l’imagination du mouvement. Paris: José Corti, 1943.

BACHELARD, Gaston. L’eau et les rêves: essai sur l’imagination de la matière. Paris: José Corti, 1942.

BACHELARD, Gaston. La Formation de l’Esprit Scientifique: Contribution a une psychanalyse de la connaissance objective. Paris: Vrin, 1970a. Originalmente publicado em 1938.

BACHELARD, Gaston. La Philosophie du Non. Paris: Presses Universitaires de France, 1970b. Originalmente publicado em 1940.

BACHELARD, Gaston. La poétique de l’espace. Édition critique établie par Gilles Hieronimus. Paris: Presses Universitaires de France, 2020. Originalmente publicado em 1957.

BACHELARD, Gaston. La poétique de la rêverie. 8. éd. Paris: Presses Universitaires de France, 2016. Originalmente publicado em 1960.

BACHELARD, Gaston. La psychanalyse du feu. Paris: Gallimard, 2015. Originalmente publicado em 1938.

BACHELARD, Gaston. La terre et les rêveries de la volonté: essai sur l’imagination de la matière. Paris: José Corti, 2004. Originalmente publicado em 1948.

BACHELARD, Gaston. La terre et les rêveries du repos. 2. éd. Paris: José Corti, 2010. Originalmente publicado em 1948.

CANGUILHEM, Georges. Études d’Histoire et de Philosophie des Sciences Concernant les Vivants et la Vie. Paris: Vrin, 2002.

CARVALHO, Marcelo de. Conhecimento e devaneio: Gaston Bachelard e a androginia da alma. Rio de Janeiro: Mauad, 2013.

COHEN-SOLAL, Annie. Sartre: 1905-1980. Paris: Gallimard, 1985.

DELALANDRE, Gilbert. Gaston Bachelard, un conseilleur municipal méconnu. Revue La Vie en Champagne, Troyes, n. 93, p. 39-51, janv./mars 2018.

FABRE, Michel. Bachelard Éducateur. Paris: Presses Universitaires de France, 1995. DOI: https://doi.org/10.3917/puf.fabre.1995.01

FERRIÈRES, Gabrielle. Jean Cavaillès: Un philosophe dans la guerre. Postface de Gaston Bachelard. Paris: Seuil, 1982. DOI: https://doi.org/10.3917/lsrel.ferri.1982.01

HEIDEGGER, Martin. Was heisst Denken? Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 1954.

HUSSERL, Edmund. Die Krisis der europäischen Wissenschaften und die transzendentale Phänomenologies. 2 Auflage. The Hague: Martinus Nijhoff, 1976. DOI: https://doi.org/10.1007/978-94-010-1335-2

KORZYBSKI, Alfred. Science and Sanity: An introduction to non-aristotelian systems and general semantics. New York: Institute of General Semantics, 2000. Originalmente publicado em 1933.

LECOURT, Dominique. Le jour et la nuit: un essai du matérialisme dialectique. Paris: Bernard Grasset, 1974.

LIBIS, Jean. Bachelard, a política e o marxismo: recepção na França e no Brasil. Cronos, Natal, v. 4, n. 1/2, p. 113-114, jan./dez. 2003.

RIOUX, Jean-Pierre; SIRINELLI, Jean-François. La Guerre d'Algérie et les Intellectuels Français. Bruxelles: Complexe, 1991.

SIRINELLI, Jean-François. Les intellectuels français et la guerre. In: RIOUX, Jean-Pierre; SIRINELLI, Jean-François. La Guerre d'Algérie et les Intellectuels Français. Bruxelles: Complexe, 1991. p. 92-93.

TODD, Olivier. Albert Camus: Une vie. Paris: Gallimard, 1996.

VADÉE, Michel. Bachelard ou le nouvel idéalisme épistémologique. Paris: Éditions Sociales, 1975.

VYDRA, Anton. Bachelard vis-à-vis Phenomenology. In: RIZO-PATRON, Eileen (org.). Adventures in Phenomenology: Gaston Bachelard. New York: SUNY Press, 2017. p. 91-106. DOI: https://doi.org/10.1515/9781438466071-010

Downloads

Publicado

2025-03-07

Como Citar

Bertoche Guimarães, G. (2025). O Silêncio de Bachelard: A recusa do político como ato político. Veritas (Porto Alegre), 70(1), e46177. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2025.1.46177

Edição

Seção

Ética e Filosofia Política