O Filósofo e a cidade

Leo Strauss e os limites da racionalidade teórica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15448/1984-6746.2025.1.47115

Palavras-chave:

Leo Strauss, esotérico e exotérico, escrita e discurso, modo de vida filosófico.

Resumo

Neste artigo, analiso em que consiste a redescoberta da distinção entre a forma esotérica e exotérica da escrita e do discurso feita por Leo Strauss – uma técnica peculiar que os filósofos pré-modernos teriam desenvolvido para expor suas ideias em períodos de perseguição, quando a escolha das palavras era uma questão de vida ou morte. Segundo Strauss, a prática da escrita exotérica protege não apenas o filósofo, mas a própria cidade do teor transgressor característico do questionamento radical da filosofia. Além disso, esse tipo de escrita e discurso possui um caráter pedagógico, pois possibilita o surgimento do jovem filósofo. Constatado que essa prática é uma potência libertadora de toda moralidade, ela exige um tipo de temperamento que não se encontra em todos os indivíduos, portanto, garantir que certas coisas só sejam ditas apenas “nas entrelinhas” é respeitar a pluralidade dos diferentes modos de vida. Concluo que a retomada da distinção entre o esotérico e o exotérico proposta por Strauss, longe de ser uma tendência obscurantista, pretende salvaguardar o modo de vida filosófico e o surgimento de novos filósofos.

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Biografia do Autor

Elvis de Oliveira Mendes, Centro Universitário da Vitória de Santo Antão (Univisa), Vitória de Santo Antão, Pernambuco, Brasil.

Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal Fluminense (RJ) e em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia (MG) Atualmente é Professor das disciplinas de Ciência Política e Filosofia do Direito no curso de Bacharelado em Direito na UNIVISA (PE). Exerce pesquisa nas áreas de História da Filosofia, Teoria Política, Filosofia Política Contemporânea, Fenomenologia e Ontologia.

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Publicado

2025-09-18

Como Citar

Mendes, E. de O. (2025). O Filósofo e a cidade: Leo Strauss e os limites da racionalidade teórica. Veritas (Porto Alegre), 70(1), e47115. https://doi.org/10.15448/1984-6746.2025.1.47115