Entre a modernidade e a pós-modernidade: discurso e ensino
DOI:
https://doi.org/10.15448/1981-2582.2014.3.18148Palavras-chave:
Ensino-aprendizagem de línguas. Escrita de si. Pós-modernidade. Subjetividade.Resumo
Este artigo tem por objetivo principal discutir o ensino de línguas, hoje, no contexto da chamada pós-modernidade, a partir de dois filmes e da obra O mestre ignorante, de Jacques Rancière. Num primeiro momento, discute rapidamente o contexto atual da pós-modernidade, para, em seguida, discutir uma possibilidade de ensino em geral e de línguas em particular. Propõe-se refletir sobre o mestre que ignora o que o aluno sabe, mas confia nas capacidades desse aluno, posição diferente da do “mestre transmissor de conhecimentos”, cujo ensino se pauta na racionalidade e se centra no professor. O mestre ignorante não indicia a falta de conhecimento na área em que atua, mas a abertura deixada por ele para que o aluno se posicione, se enganche em seu saber; o professor passa a funcionar, então, como “sujeito suposto saber”, como aquele que abre espaço para o desejo do aluno, para seus interesses, para a busca de conhecimento. Não seria essa uma boa maneira de instaurar a “verdadeira” aprendizagem, aquela que passa pelo corpo e se faz corpo, tornando do sujeito o que vem do outro, transformado pela singularidade de cada um? Nesse sentido, talvez não seja possível ensinar uma língua, mas é sempre possível criar condições para que a aprendizagem ocorra, com base na escrita de si.Downloads
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