Prática da psicoterapia online por terapeutas psicodinâmicos
DOI:
https://doi.org/10.15448/1980-8623.2020.3.36529Palavras-chave:
telepsicologia, internet e psicoterapia, psicoterapia online, processo de psicoterapiaResumo
A psicoterapia online foi reconhecida pela Resolução nº 11/2018 do Conselho Federal de Psicologia. Com o reconhecimento oficial dessa prática, profissionais levantaram questões sobre sua equivalência à psicoterapia presencial e sobre a possível necessidade de adaptações técnicas. Considerando a falta de pesquisas sobre esse tema, este estudo teve como objetivo explorar como os psicoterapeutas psicodinâmicos percebem sua prática clínica online, incluindo os aspectos técnicos e relacionais do processo terapêutico, em comparação com a experiência em tratamentos face a face. Este é um estudo qualitativo, com abordagem exploratória. Oito psicólogos foram entrevistados em videoconferência. As entrevistas foram gravadas em áudio, transcritas integralmente, e analisadas por análise temática. Os resultados foram organizados em dois grandes temas (prática da psicoterapia online e técnica e processo psicodinâmico na psicoterapia online). Os principais resultados indicam que a psicoterapia psicodinâmica on-line tem muitas características específicas (por exemplo, depender da qualidade da conexão de Internet, promover um processo focal, ocorrer em um ambiente mais vulnerável e eliciar outro padrão de comunicação) que exigem adaptação do terapeuta. As implicações dos achados para o treinamento e prática da psicoterapia são discutidas.
Downloads
Referências
American Psychological Association. (2013). Guidelines for the practice of telepsychology. American Psychologist, 68(9), 791-800. https://doi.org/10.1037/a0035001
Amichai-Hamburger, Y., Klomek, A. B., Friedman, D., Zuckerman, O., & Shani-Sherman, T. (2014). The future of online therapy. Computers in Human Behavior, 41, 288-294. https://doi.org/10.1016/j.chb.2014.09.016
Barak, A., Hen, L., Boniel-Nissim, M., & Shapira, N. (2008). A Comprehensive Review and a Meta-Analysis of the Effectiveness of Internet- Based Psychotherapeutic Interventions. Journal of Technology in Human Services, 26(2/4), 109-160. https://doi.org/10.1080/15228830802094429
Baranger, M., Baranger, W., & Mom, J. (2002). Processo e não processo no trabalho analítico. Revista FEPAL, 114-131.
Berger, T. (2017). The therapeutic alliance in internet interventions: A narrative review and suggestions for future research. Psychotherapy Research, 27(5), 511-524. https://doi.org/10.1080/10503307.2015.1119908
Bordin, E. S. (1979). The generalizability of the psychoanalytic concept of the working alliance. Psychotherapy: Theory, Research and Practice, 16(3), 252-260. https://doi.org/10.1037/h0085885
Braun, V. & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77-101. https://doi.org/10.1191/1478088706qp063oa
Committee on National Security Systems. (2010). National Information Assurance Glossary. Washington, DC: Author.
Carlino, R. (2011). Distance Psychoanalysis: The Theory and Practice of using Communication Technology in the Clinic. London: Karnac Books. Cipolletta, S., Frassoni, E., & Faccio, E. (2018).
Construing a therapeutic relationship online: An analysis of videoconference sessions. Clinical Psychologist, 22(2), 220-229. https://doi.org/10.1111/cp.12117
Conselho Federal de Psicologia. (2017). Resolução do Conselho Federal de Psicologia regulamenta prática on-line [Site CFP]. Distrito Federal: Autor.
Conselho Federal de Psicologia. (2018). Resolução no 11, de 11 de maio de 2018. Dispõe sobre a regulamentação da prática psicológica por meio das tecnologias de informação e comunicação. Distrito Federal: Autor.
Cook, J. E. & Doyle, C. (2002). Working Alliance in Online Therapy as Compared to Face to-Face Therapy: Preliminary Results. CyberPsychology & Behavior, 5(2), 95-105. https://doi.org/10.1089/ 109493102753770480
Crestana, T. (2015). Novas abordagens terapêuticas – terapias on-line. Revista Brasileira de Psicoterapia, 17(2), 3543.
Creswell, J. W. (2010). Projeto de pesquisa: Métodos qualitativos, quantitativos e mistos (3. ed.). Porto Alegre: Artmed.
Ebert, D. D., Van Daele, T., Nordgreen, T., Karekla, M., Compare, A., Zarbo, C., . . . Baumeister, H. (2018). Internet- and mobile-based psychological interventions: Applications, efficacy, and potential for improving mental health – A report of the EFPA E-Health Taskforce. European Psychologist, 23, 167-187. https://doi.org/10.1027/10169040/a000318
Ehrlich, L. T. (2019). Teleanalysis: Slippery Slope or Rich Opportunity? Journal of the American Psychoanalytic Association, 67(2), 249-279. https://doi.org/10.1177/0003065119847170
Feijó, L. P. (2017). Manejo dos recursos tecnológicos de informação e comunicação em psicoterapia psicodinâmica presencial. (Dissertação de mestrado. Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul, Brasil).
Feijó, L. P., Fermann, I. L., Andretta, I., & Serralta, F. B. (2018). Eficácia de tratamentos psicoterápicos utilizando a internet: Revisão sistemática. Anais Da 48a Reunião Anual Da Sociedade Brasileira de Psicologia.
Feijó, L. P., Silva, N. B., & Benetti, S. P. C. (2018a). Experiência e formação profissional de psicoterapeutas psicanalíticos na utilização das tecnologias de informação e comunicação. Psicologia: Ciência e Profissão, 38(2), 249-261. https://doi.org/10.1590/1982-3703003032017
Feijó, L. P., Silva, N. B., & Benetti, S. P. C. (2018b). Impacto das tecnologias de informação e comunicação na técnica psicoterápica psicanalítica. Temas em Psicologia, 26(3), 1633-1647. https://doi.org/10.9788/TP2018.3-18En
Flückiger, C., Del Re, A. C., Wampold, B. E., & Horvath, A. O. (2018, May 24). The Alliance in Adult Psychotherapy: A Meta-Analytic Synthesis. Psychotherapy. https://doi.org/10.1037/pst0000172
Fontanella, B. J. B., Ricas, J., & Turato, E. R. (2008). Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Cadernos de Saúde Pública, 24(1), 17–27. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2008000100003
Gerhardt, T. E. & Silveira, D. T. (2009). A pesquisa científica. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS.
Hallberg, S. C. M. & Lisboa, C. S. M. (2016). Percepção e uso de tecnologias da informação e comunicação por psicoterapeutas. Temas em Psicologia, 24(4), 1297 1309. https://doi.org/10.9788/TP2016.4-06
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2016). Acesso à internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal – 2015. Rio de Janeiro: IBGE.
Lustgarten, S. D. & Elhai, J. D. (2018). Technology use in mental health practice and research: Legal and ethical risks. Clinical Psychology: Science and Practice, e12234(December 2017), 1-10. https://doi.org/10.1111/cpsp.12234
Machado, D. de B., Laskoski, P. B., Severo, C. T., Bassols, A., Sfoggia, A., Kowacs, C., . . . Eizirik, C. L. (2016). A Psychodynamic Perspective on a Systematic Review of Online Psychotherapy for Adults. British Journal of Psychotherapy, 32(1), 79-108. https://doi.org/10.1111/bjp.12204
Miclea, M., Miclea, Ş., Ciuca, A. M., & Budau, O. (2010). Computer-mediated psychotherapy. Present and prospects. A developer perspective. Cognition, Brain, Behavior. An Interdisciplinary Journal, XIV (3), 185-208.
Ministério da Saúde. (2016). Resolução n. 510, de 07 de abril de 2016. Dispõe sobre normas para pesquisas cientificas humanas e sociais. (2016). https://doi.org/10.1128/AAC.03728-14
Nóbrega, S. B. (2015). Psicanálise on-line finalmente saindo do armário? Estudos de Psicanálise, (44), 145-150.
Norcross, J. C. & Lambert, M. J. (Eds.). (2019). Psychotherapy relationships that work: Volume 1: Evidence-based therapist contributions. Oxford University Press.
Peres, R. S. (2009). Aliança terapêutica em psicoterapia de orientação psicanalítica: aspectos teóricos e manejo clínico. Estudos de Psicologia (Campinas), 26(3), 383-389. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2009000300011
Pieta, M. A. M. (2014). Psicoterapia Pela Internet: a Relação Terapêutica. (Tese de doutorado). Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil.
Pieta, M. A. M. & Gomes, W. B. (2014). Psicoterapia pela internet: Viável ou inviável? Psicologia: Ciência e Profissâo, 34(1), 18-31. https://doi.org/10.1590/S1414-98932014000100003
Pires, A. C. J. (2015). Sobre os “tratamentos à distância” em psicoterapia de orientação analítica. Revista Brasileira de Psicoterapia, 17(2),
Prado, O., & Meyer, S. (2006). Avaliação da relação terapêutica na terapia assíncrona via internet. Psicologia Em Estudo, 11(2), 247-257. https://doi.org/10.1590/S141373722006000200003
Proudfoot, J., Klein, B., Barak, A., Carlbring, P., Cuijpers, P., Lange, A., . . . Andersson, G.(2011). Establishing guidelines for executing and reporting internet intervention research. Cognitive Behaviour Therapy, 40(2), 82-97. https://doi.org/10.1080/16506073.2011.573807
Rees, C. S. & Maclaine, E. (2015). A Systematic Review of Videoconference-Delivered Psychological Treatment for Anxiety Disorders. Australian Psychologist, 50(4), 259-264. https://doi.org/10.1111/ap.12122
Russell, G. I. (2015). Screen Relations: The Limits of Computer-Mediated Psychoanalysis and Psychotherapy. Karnac Books.
Serralta, F. B., Nunes, M. L. T., & Eizirik, C. L. (2011). Considerações metodológicas sobre o estudo de caso na pesquisa em psicoterapia. Estudos de Psicologia, 28(4), 501-510. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2011000400010
Sfoggia, A., Kowacs, C., Gastaud, M. B., Laskoski, P. B., Bassols, A. M., Severo, C. T., . . . Eizirik, C. L. (2014). Therapeutic relationship on the web: To face or not to face? Trends in Psychiatry and Psychotherapy, 36(1), 3-10. https://doi.org/10.1590/2237-6089-20130048
Siegmund, G. & Lisboa, C. (2015). Orientação Psicológica On-line: Percepção dos Profissionais sobre a Relação com os Clientes. Psicologia: Ciência e Profissão, 35(1), 168-181. https://doi.org/10.1590/1982-3703001312012
Sucala, M., Schnur, J. B., Constantino, M. J., Miller, S. J., Brackman, E. H., & Montgomery, G. H. (2012). The therapeutic relationship in E-therapy for mental health: A systematic review. Journal of Medical Internet Research, 14(4), e110. https://doi.org/10.2196/jmir.2084
Ulkovski, E. P., Silva, L. P., & Ribeiro, A. B. (2017). Atendimento psicológico online: perspectivas e desafios atuais da psicoterapia. Revista de Iniciação Científica da Universidade Vale Do Rio Verde, Três Corações, 7(1), 59-68.
Zimerman, D. E. (2004). Manual de Técnica Psicanalítica: Uma re-visão. Porto Alegre: Artmed.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Psico
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Direitos Autorais
A submissão de originais para a Psico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação. Os direitos autorais para os artigos publicados nesta revista são do autor, com direitos da revista sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente a Psico como o meio da publicação original.
Licença Creative Commons
Exceto onde especificado diferentemente, aplicam-se à matéria publicada neste periódico os termos de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o uso irrestrito, a distribuição e a reprodução em qualquer meio desde que a publicação original seja corretamente citada.