Pessimismo produtivo

por uma (re)definição de pessimismo crítico

Resumo

O objetivo do artigo é propor elementos filosóficos para uma possível redefinição do chamado pessimismo crítico como um pessimismo que, nos termos de uma adjetivação de Max Horkheimer, seja “produtivo” e aliado da Teoria Crítica. Para tanto, contextualizo historicamente o pessimismo metafísico schopenhaueriano e alguns de seus desdobramentos possíveis para a práxis, especifico algumas configurações de um pessimismo crítico da Teoria Crítica de Horkheimer, e mostro em que medida seria problemática e inconsequente a sua proposta de desdobrar daquele um otimismo prático. As principais novidades do artigo consistem em defender o pessimismo como: (i) um continuum e não apenas como momento da crítica materialista; (ii) dispositivo mais voltado ao passado e ao status quo do que ao futuro; (iii) portador de uma práxis como pessimismo crítico prático e não como otimismo prático. Uma das mais importantes “produções” de tal pessimismo seria a garantia do caráter negativo da crítica, que, se impede justificações dos males sociais pregressos e atuais, também não deixa que promessas emancipatórias, quando realizadas, se tornem novas dominações.